sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O PROJETO

A Universidade é um importante espaço no processo de formação do discente, o curso de Licenciatura em História conta com professores empenhados com a qualidade do ensino desenvolvido na sala de aula. Partindo desse contato com os professores despertou nosso interesse em desenvolver esse evento na Universidade.
Percebendo a necessidade de diálogos com os professores da educação básica, alunos e toda comunidade acadêmica, uma vez que esse contato é muito válido para ambas as partes, falar sobre a cultura Africana e afro-brasileira é uma temática que precisa ser problematizada. Nas últimas décadas teve implementação de leis que demarca espaços para população negra valorizando a cultura, música, culinária, dança e as religiões de matrizes africanas.
A cultura afro-brasileira é um dos temas bastante tratados pela historiografia brasileira. Nos últimos anos o número de trabalhos voltados para identificar as diferentes heranças deixadas a séculos por africanos afrodescendentes, vem aumentando como forma de manter vivo os costumes. Em pleno século XXI nos deparamos com a não aceitação da cultura afro-brasileira sendo tachada como “coisa de preto” de forma pejorativa. Baseado em autores como Cunha e Silva (2010), procuramos problematizar qual a contribuição dos africanos e CUNHA, Joceneide; SILVA, Júlio Claúdio da. História da Cultura Afro-brasileira / São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2010. afrodescendentes para formação social, cultural e política do Brasil, promovendo um diálogo entre profissionais e estudantes priorizando temas que tragam visibilidade para a cultura afro-brasileira.
Além do exposto cabe chamar atenção para outro aspecto de grande importância a ser discutido, a lei 10639/03 que tornou obrigatório o ensino de história da África e cultura afro-brasileira, as vivências dentre outros aspectos das populações afro-brasileiras em todos os níveis de ensino, ressaltando a importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira. Com a Lei 10.639/03 também foi instituído o dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), em homenagem ao dia da morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares. O dia da consciência negra é marcado pela luta contra o preconceito racial no Brasil.  Dentro dessa perspectiva observamos nesse evento a oportunidade de dar visibilidade aos trabalhos dos discentes e professores, abrindo inclusive,  espaço para que os professores da rede básica apresentem as experiências vivenciadas dentro da sala de aula, e demostrem como de fato a lei está sendo implementada e efetivada. A Universidade tem um importante papel nessa discussão, uma vez que ela “pode cumprir o [...] papel histórico e social de produção e disseminação do conhecimento, e também manter com a cultura uma relação intrínseca que se manifesta num possibilidade de reflexão[...] Silva (2001), partindo desse pressuposto é que nós, alunos da Universidade do Estado da Bahia trazemos para esta Universidade a responsabilidade de dialogar com tais demandas. Esta Instituição de Ensino Superior  (IES) se faz presente em duas cidade do Extremo Sul da Bahia, em Teixeira de Freitas (campus X) e em Eunápolis (campus XVIII) onde propomos a realização do evento supracitado. Ora, se as IES tem como principal função a produção e propagação de conhecimento, nada mais adequado que ela sedie tal evento, que prioriza pesquisas que deem voz às populações negras da região onde está inserida.
O Extremo Sul da Bahia, desde a colonização se configura como território importante para a dinâmica social e cultural do país, porém, ainda é pouco estudado, tendo poucos trabalhos relacionados à trajetórias, permanência, ritos, culinária e culturas dos povos negros. A intelectualidade brasileira começa a dar importância ao estudo de tais populações no século XIX como destaca mais uma vez Cunha e Silva. Desta forma percebe-se que esses povos e suas manifestações foram alijados durante séculos uma vez que esses estão inseridos na “sociedade” desde de o século XVI.